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02/02/2000
LEILÕES ONLINE
Alberto Alerigi Jr. * MAGNET

Cães, pedras, selos, bonecos, televisões, DVD players, computadores, carros, barcos, aviões, casas, fazendas. Literalmente, negocia-se de tudo na Internet. Desde coleções de gibis a lotes de cabeças de gado, pode-se encontrar qualquer coisa na Rede, desde que se tenha paciência e dinheiro para procurar pelo item que você quer nos leilões online que foram lançados no Brasil.

Cerca de uma dezena de sites surgiram na Internet brasileira, alguns recebendo investimentos na casa dos milhões de dólares, como é o caso do Gibraltar. Todos foram inspirados no norte-americano eBay, o primeiro e maior site de leilão do mundo, com cerca de três milhões de itens à disposição de qualquer adepto do comércio eletrônico.

A lógica não é bem a mesma de um leilão convencional. Uma vez que você compra um bem e se arrepende de ter feito o negócio, ninguém vai processar você, mas sua reputação ficará manchada dentro da comunidade que participa do leilão. É assim que funciona: tudo na base da confiança entre comprador e vendedor, um modelo inaugurado pelo eBay.

A única semelhança entre a versão Internet de leilão e um convencional é o fato de que a mercadoria pode ser adquirida por lances. Porém, não é preciso ficar de olho naquele bolachão dos Beatles para não deixar que ninguém ofereça um lance de um real acima do seu. A idéia é você definir o máximo valor que está disposto a pagar por um determinado item. Acertado esse preço, o sistema vai rebatendo os lances dos outros usuários com o mínimo permitido. Se ninguém "oferecer" mais que você, o vendedor lhe manda um email para acertar os detalhes da entrega.

Concorrência crescente

Apesar de existirem pelo menos 13 leilões online na Internet brasileira, esse número tende a se reduzir. Isso porque já existem pelo menos seis grandes sites ­ Lokau, Arremate, Gibraltar, Mercado Livre, iBazar e Yahoo Leilões ­, que reúnem milhares de ofertas. Estes, para atrair usuários, fazem acordos com grandes fornecedores para disponibilizar produtos a preços bastante reduzidos, tornando a vida dos pequenos bem mais difícil.

O Gibraltar, que começou em 99 com um investimento de R$ 2 milhões, fez parceria com a Hewlett-Packard para oferecer impressoras e gravadores de CDs por preços abaixo dos marcados nas lojas. Uma impressora DeskJet modelo 610C, lançada no final de outubro, saía por R$ 339, sendo que nas lojas era vendida por R$ 389.

Além dos acordos com fornecedores e de conseguirem reunir uma grande quantidade de produtos, os grandes também estão recebendo aportes de capital de grupos de investimentos, como é o caso do Arremate. O site recebeu US$ 12 milhões de um grupo composto pelo Citicorp Venture, braço do Citibank, e Merrill Lynch, num dos maiores negócios já realizados no mercado de leilões online da América Latina.

Para Carlos Eduardo Finck, fundador do BidBR, pequeno site de compra e venda criado em 30 dias com o uso de softwares como Linux, Apache e o banco de dados PostgreSQL, a concorrência está tão acirrada que ele não descarta a possibilidade de vender seu serviço para um leilão online maior. "Seguimos o mesmo modelo do eBay, que é o adotado por todos os outros sites; o problema é que não temos apoio de outros grupos e por isso não temos condições de fazer uma campanha publicitária maciça".

Porém, apesar das promoções que os grandes estão fazendo, um dos problemas que os leilões online enfrentam é criar o hábito do comércio eletrônico no público brasileiro. Muitas pessoas simplesmente não confiam em comprar sem tocar e ver ao vivo antes de enfiar a mão no bolso.

Para Alan Chadrycki, diretor do Mercado21, "o brasileiro ainda não está acostumado a comprar pela Internet, quanto mais fechar negócios em um leilão online". Apesar disso, o diretor do leilão acredita no potencial da Internet brasileira. "É uma questão de tempo, para modificar a cultura do brasileiro. Somos um povo muito desconfiado e por isso precisamos ver e tocar antes de comprar".

Como comprar

Em um leilão tradicional, onde é exigida a presença de um leiloeiro oficial, é preciso levantar a mão toda a vez que se quer arrematar um item. Mas, e na Internet?

Todos os sites possuem um mecanismo com o qual o comprador estipula um máximo que quer pagar por determinado item. Esse valor permanece em segredo entre o comprador e o banco de dados do leilão virtual. Quando alguém oferece mais que seu lance inicial, o sistema automaticamente registra uma nova quantia a favor do interessado na mercadoria. Esse preço é gerado a partir de um valor mínimo, que pode ser selecionado ou não pelo comprador, que é acrescido à sua oferta inicial antes dela ter sido ultrapassada pela de outra pessoa.

Outra regra geral dos leilões virtuais está na ausência de autoridade para impor que o comprador pague pelo produto para o qual ofereceu um lance, ou para que o vendedor venda o item pelo preço vencedor. Como não existe a figura de um leiloeiro oficial, essa modalidade de leilão não é oficial e, por isso, muitos sites se definem como "bolsa virtual de mercadorias usadas", "bazar virtual", ou dizem apenas que promovem uma infra-estrutura para que os usuários possam comercializar produtos entre si. A exemplo do primogênito eBay, os sites de leilões adotaram o sistema de pontuação mútua, onde vendedores e compradores avaliam-se mutuamente e ajudam a compor um perfil de confiança antes do negócio ser fechado.

Esse é o mecanismo mais comum de proteção ao usuário; entretanto, como a concorrência está elevada, alguns sites estão criando outras formas de fazer com que o vendedor seja pago e o comprador receba o que pediu. O site Leilão Online, fundado por ex-alunos da Fundação Getúlio Vargas, coloca-se como intermediário de fato em todas as transações feitas com sua ajuda. O cliente dá um lance vencedor e o sistema do site envia um email com os dados de uma conta corrente que será usada para o depósito do valor acertado. Em seguida, o vendedor receba notificação de que o comprador já pagou pelo produto, porém o site somente lhe enviará o dinheiro quando o produto for entregue.

Todos os leilões têm sistemas de busca por palavra-chave. Assim, se você estiver interessado em um PDA da Palm, por exemplo, basta digitar o nome do produto. O problema é que, como o cadastro das mercadorias é escrito pelas pessoas que as colocam à venda, às vezes fica difícil encontrar logo de primeira aquilo que se está procurando. Por exemplo, no Lokau, quando se digita "Palm", o mecanismo de busca traz referências a lanchas, camisetas do Palmeiras, CDs do Emerson, Lake & Palmer, impressoras da HP, bonsais, além, é claro, do PDA mais vendido do mundo. Assim, paciência é uma virtude necessária para achar o produto com a melhor oferta.

Uma boa dica para achar o que você quer nos leilões é o Leilão Miner. Com ele basta digitar uma palavra, selecionar quais mercados virtuais você está interessado em procurar e pronto. Surge uma lista detalhada, com descrição, dia em que o leilão termina e o preço inicial do produto. Ele busca em dez sites nacionais e mais cinco internacionais. Acesse em miner.bol.com.br

Mas, e para vender?

Como em qualquer lugar na Web, a propaganda é a alma do negócio; por isso, uma descrição bem detalhada com uma imagem do produto, é fundamental para garantir o interesse do comprador. Todos os sites apresentam seções onde é possível definir o anúncio e alguns até permitem inserções de imagens do que se quer vender. Como esse tipo de comércio eletrônico ainda é novo, muitos leilões não cobram taxas pelo anúncio, para atrair usuários, mas exigem uma certa porcentagem pelo sucesso da transação, que é paga quando a mercadoria é vendida.

O ideal é colocar logo, no começo da descrição do item, um nome chamativo relativo à principal característica do produto. Seja objetivo e breve, pois, assim como você, outros milhares de usuários podem estar colocando a mesma coisa à venda. O preço é importante. Se a intenção é vender um item com grande procura, defina um preço de reserva (valor mínimo para venda do produto) baixo, que a disputa por ele servirá para elevar o seu preço. Alguns sites permitem que você acrescente detalhes como negrito, itálico e outros tipos de destaques, mas eles cobram por isso.

Ainda é cedo para dizer se os leilões online vão ser sérios concorrentes a outras formas mais comuns de comércio entre pessoas, como os classificados de jornais, mas podem ser sérios concorrentes aos leilões convencionais, bem mais restritos para a maioria das pessoas. Tanto assim que nos EUA uma porção de pessoas já vive apenas de comercializar objetos nos leilões online, incluindo ex-donos de antiquários e colecionadores de raridades. O alcance mundial da Internet aumenta a esperança de se encontrar itens raros, e também significa valores de venda mais altos. Como é possível colocar à venda qualquer tipo de mercadoria, resta saber se você vai ter dinheiro suficiente para saciar todos os seus desejos consumistas.

No caso da reportagem, distingüir trabalho e diversão foi complicado. Os itens mais procurados foram Palm, TVs, bicicletas e videogames, cujas ofertas eram relativamente grandes, muitas vezes foram dados lances altos em mais de um item. Por sorte foram todos superados. Se você tiver tendências consumistas crônicas, é melhor ficar com o extrato do banco bem ao lado do mouse, caso contrário, vai ficar com a ficha suja em vários lugares.

* Alberto Alerigi Jr. acaba de arrematar um Nintendo 64 por R$ 220 em um leilão online, que quase o deixou viciado.

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