Capa
Seções
NOTÍCIAS

DOWNLOAD

ANÁLISES

COMPRAS

BOLETIM

WIRED NEWS

IDG NOW!

PC WORLD

ZDNET

AJUDA

COLUNISTAS


 digite + enter

Arquivo


04/11/99
MICHAEL DELL: ACHO QUE FUI UM SORTUDO
Aline Rochedo (Agência RBS)

Hoje há mais espaço para grandes idéias serem transformadas em empresas de sucesso. O importante é que essas idéias sejam realmente originais e que agreguem muito valor ao produto. Pelo menos essa é a opinião de Michael Dell, o fundador da segunda maior empresa de computadores do mundo, a Dell Computer Corporation. Nesta quarta-feira, o texano aterrissou no Rio Grande do Sul, nessa que é também sua sua primeira visita ao Brasil, para a inauguração da unidade de Eldorado do Sul. Aos 34 anos, casado e pai de quatro crianças, o empresário é o autor do livro Dell – Estratégias que Revolucionaram o Mercado (Editora Market Books), no qual conta a trajetória da empresa criada por ele em 1984, quando tinha 19 anos e apenas US$ 1 mil no bolso. Depois da inauguração, Dell conversou com a Agência RBS.

Agência RBS – Quando o senhor percebeu que a Grande Porto Alegre era ideal para a instalação da primeira unidade da Dell na América do Sul?

Michael Dell – Não posso receber o crédito por essa decisão. A nossa equipe já tinha planos antigos de implantar uma unidade na América do Sul. Depois de analisarmos uma série de países, decidimos que o Brasil seria o melhor local. Dentro do Brasil, pensamos em diversos Estados. Foi a partir do apoio do governo local e do avançado sistema educacional no Rio Grande do Sul que a Dell percebeu o potencial da região. A mão-de-obra qualificada também nos atraiu. As pessoas daqui têm muita energia e estão sempre dispostas. E é isso que importa.

Agência RBS – O senhor só toma contato com as novas unidades a partir da inauguração?

Dell – É a minha primeira visita ao Brasil. Mas a minha primeira visita à Irlanda também foi no dia da inauguração da nossa fábrica naquele país. E isso não tem problema. Temos pessoas muito capazes trabalhando conosco em outras unidades. Numa empresa do tamanho da Dell, as decisões não ficam concentradas em apenas uma pessoa. É claro que também participo de decisões.

Agência RBS – A venda de computadores via Internet ou pelo telefone exige que o comprador conheça o produto. Para quem que não entende de informática, mas precisa de uma máquina, a Dell tem um serviço que ajude esse cliente a escolher a configuração ideal?

Dell – Sim, prestamos consultoria aos nossos clientes na hora da escolha da máquina ideal. Também temos pacotes de soluções que podem se adequar melhor a estudantes, a empresas ou ao uso doméstico. Os clientes podem pedir ajuda para montar a estrutura numa pequena empresa, por exemplo.

Agência RBS – Isso seria feito pela rede mundial ou pelo telefone?

Dell – Por ambos. Geralmente, esses dois canais trabalham juntos. Mas se o consumidor não tem a menor idéia de qual configuração comprar, eu sugiro que o melhor seria buscar esse suporte pelo telefone.

Agência RBS – Muitos devem querer seguir o seu exemplo – ter uma idéia, colocá-la em prática com pouco dinheiro e fazer muito sucesso. Isso vale para o mundo hoje? Há espaço para empreendedores sem capital?

Dell – Acredito que sim. Hoje, aliás, há mais espaço ainda do que havia quando minha empresa foi criada. Isso porque a tecnologia tem garantido mais oportunidades para mudanças. Essas oportunidade são grandes para os jovens, cada vez mais familiarizados com a Internet, por exemplo. Há muitos tipos de negócios que dispensam grandes investimentos. O problema é que a maioria das empresas é criada a exemplo de outras empresas de sucesso. Isso é que não funciona. O correto seria criar um negócio que fosse realmente diferente e original e que agregasse valor ao produto final. São esses que terão sucesso. E nem sempre envolvem grandes quantias de dinheiro.

Agência RBS – O senhor enriqueceu num curto período de tempo. Qual é o papel do dinheiro na sua vida?

Dell – De alguma maneira, acho que fui sortudo. Nasci nos Estados Unidos, estudei em bons colégios e minha família nunca foi pobre. Mas o que realmente me torna feliz são os meus quatro filhos e ver a empresa se expandir. Hoje (ontem), por exemplo, é um dia muito feliz para mim. Na minha primeira visita ao Brasil, encontro toda a nossa equipe sorrindo. No começo, a idéia foi minha, mas, agora, são essas pessoas que estão fazendo tudo. Sim, sou uma pessoa muito feliz.

Agência RBS – Quando e por que o senhor começou a fazer obras de caridade?

Dell – As doações crescem quando a empresa também cresce. Caridade é uma responsabilidade que vem com o sucesso. Também queremos criar o ambiente para o futuro, propiciando conhecimento para pessoas que poderão trabalhar conosco ou consumir nossos produtos.

Agência RBS – A revista norte-americana Fortune escolheu esta semana o empresário do século. É Henry Ford, pela linha de montagem e pelo carro em série. Foi uma boa escolha?

Dell – Nunca havia pensado nisso. Bom, certamente tenho uma grande admiração por Henry Ford. Como não li o artigo da Fortune, não sei quais foram os critérios. É importante considerar que um século é muito tempo. Imagino que tenha sido complicado eleger um único nome. Sem dúvida, Henry Ford foi uma pessoa importante na era industrial, mas, se analisarmos todo este século, veremos que há muitas pessoas também importantes. Como não sou um consumidor de seus produtos e vivi em menos da metade deste século, não posso opinar sobre essa escolha. Acredito que os consumidores de produtos Ford seriam os mais indicados para falar sobre isso.

Copyright© 1996 - 2003 Terra Networks S.A. Todos os direitos reservados. All rights reserved.