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ALFRED HITCHCOCK (1899-1980)

Alfred Hitchcock é um dos cineastas mais comentados, biografados e reverenciados de todos os tempos. É difícil escrever sobre ele sem a sensação de estar repetindo o que todos sabem, ou pelo menos o que todos deveriam saber há muito tempo. Mais difícil ainda é buscar novos ângulos para a análise de suas obras e de sua vida.

Ele já foi tratado como um simples artesão, como um mero empregado dos estúdios, repetindo a mesma fórmula para garantir bilheterias, mas também já foi alçado à condição de gênio, de grande autor, principalmente depois que os franceses da Nouvelle Vague (Truffaut à frente) promoveram uma releitura respeitosa (e quase sempre precisa) de seus principais filmes. Então, quem é o verdadeiro Hitchcock?

Antes de tudo, era um trabalhador do cinema. No sentido proletário do termo. Ao contrário dos diretores da atualidade, que são empresários, muitas vezes multi-milionários, e que se envolvem diretamente na produção de seus filmes, Hitch manteve sua vida dentro da câmara, preocupando-se, essencialmente, com o que o público assistiria. Decidir o enquadramento sempre foi mais importante que decidir o orçamento. Talvez por isso, ele conseguia imprimir aos seus filmes um caráter, ao mesmo tempo, autoral e popular.

Hitch dominava a linguagem e conhecia como ninguém os recursos técnicos que a indústria poderia lhe proporcionar, mas parecia sempre mais disposto a brincar com o público (inclusive aparecendo rapidamente em seus filmes) do que a agradar aos chefões.

Hitchcock nasceu na Inglaterra, teve uma rígida educação jesuíta e pretendia seu engenheiro, mas acabou, ainda bem jovem, desenhando legendas de filmes mudos numa produtora londrina. Na década de 20, com o cinema ainda numa fase romântica, a diferença entre desenhar legendas e dirigir um filme ainda não era tão grande. Depois de um breve período de aprendizado, como assistente de direção e montador, em 1925 fez seu primeiro filme, nunca concluído, "The pleasure garden", obra ainda medíocre. Em 1926, contudo, já assina "The Lodger", uma história com Jack, o Estripador, demonstrando grande talento. Daí por diante, não parou mais de filmar.

Sua "fase inglesa" vai até 1949, quando David Selznick o leva para os Estados Unidos. Em Hollywood, a personalidade reservada de Hitch, pouco afeita a festas e badalações, contribuiu para criar a sua aura de "senhor do suspense e do mistério". Na verdade, o que ele queria era filmar. E filmava como ninguém. Já começou ganhando um Oscar com "Rebecca", e foi afirmando-se como um cineasta capaz de extrair bons filmes até de argumentos fracos.

Como sua produção era muito extensa, e sempre no ritmo ditado pelos estúdio, teve momentos de maior ou menor qualidade. Mas quem vai negar os acertos de "Psicose", "Vertigo", "Disque M para matar", "Os pássaros", "Intriga internacional" e "O homem que sabia demais"? O estilo de Hitchcock, que combina realismo na ação, uma certo maneirismo na construção dos personagens e extrema inventividade na narrativa visual (resultante, antes de tudo, de uma decupagem brilhante e sofisticada), já foi muito copiado, mas, como acontece com obras e autores de exceção, não pode servir de paradigma para ninguém. Hitchcock foi um dos grandes. E ponto final.


FILMOGRAFIA
Filmes mudos
1. The Pleasure Garden (1925)
2. The Mountain Eagle (1926)
3. The Lodger (1926)
4. A Story of the London Fog (1926)
5. Downhill (1927)
6. Easy Virtue (1927)
7. The Ring (O Anel, 1927)
8. The Farmer's Wife (A Mulher do Fazendeiro, 1928)
9. Champagne (idem, 1928)
10. The Manxman (O Ilhéu, 1929).

Filmes sonoros
1. Blackmail (Chantagem e Confissão, 1929)
2. Juno and the Paycock (1929)
3. Murder (Assassinato, 1929)
4. The Skin Game (1931)
5. Rich and Strange (1932)
6. Number Seventeen (O Mistério no 17°, 1932)
7. Waltzes from Vienna (1933)
8. The Man who Knew Too Much (O Homem que Sabia
Demais, 1934)
9. The 39 Steps (Os 39 Degraus, 1935)
10. The Secret Agent (O Agente Secreto, 1936)
11. Sabotage (O Marido Era o Culpado, 1936)
12. Young and Innocent (1937)
13. The Lady Vanishes (A Dama Oculta, 1938)
14. Jamaica Inn (A Estalagem Maldita, 1939)
15. Rebecca (Rebeca, a Mulher Inesquecível, 1940)
16. Foreign Correspondent (Correspondente Estrangeiro, 1940)
17. Mr. and Mrs. Smith (Um Casal do Barulho, 1941)
18. Suspicion (Suspeita, 1941 )
19. Saboteur (Sabotador, 1942)
20. Shadow of a Doubt (A Sombra de uma Dúvida, 1943)
21. Lifeboat (Um Barco e Nove Destinos, 1943)
22. Spellbound (Quando Fala o Coração, 1945)
23. Notorious (Interlúdio, 1946)
24. The Paradine Case (Agonia de Amor, 1947)
25. Rope (Festim Diabólico, 1948)
26. Under Capricorn (Sob o Signo de Capricórnio, 1949)
27. Stage Fright (Pavor nos Bastidores, 1950)
28. Strangers on a Train (Pacto Sinistro, 1951 )
29. I Confess (A Tortura do Silêncio, 1952)
30. Dial M for Murder (Disque M para Matar, 1954)
31. Rear Window (Janela Indiscreta, 1954)
32. To Catch a Thief (Ladrão de Casaca, 1955)
33. The Trouble with Harry (O Terceiro Tiro, 1956)
34. The Man Who Knew Too Much (O Homem Que Sabia Demais, 1956)
35. The Wrong Man (O Homem Errado, 1958)
36. Vertigo (Um Corpo que Cai, 1958)
37. North by Northwest (Intriga Internacional, 1959)
38. Psycho (Psicose, 1960)
39. The Birds (Os Pássaros, 1963)
40. Marnie (Marnie, Confissões de Uma Ladra, 1964)
41. Torn Curtain (Cortina Rasgada, 1966)
42. Topaz (Topázio, 1969)
43. Frenzy (Frenesi, 1972)
44. Family Plot (Trama Diabólica, 1976).


Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

 

 

 

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